terça-feira, 3 de julho de 2012

Saúde - UFMG desenvolve kit para o diagnóstico preciso de meningite

Hoje não há teste que diferencie o tipo mais grave da doença do mais leve Um exame criado por pesquisadores de Belo Horizonte e que deve chegar à rede de saúde em até dois anos poderá agilizar o diagnóstico de meningite e evitar gastos desnecessários com remédios. O projeto, que está sendo desenvolvido pela Bioaptus, empresa incubada na Inova-UFMG, acaba de receber verba de R$ 110 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).
O kit permite a identificação dos diferentes tipos de meningite, doença que afeta principalmente as crianças. De acordo com o coordenador da Bioaptus, Luiz Augusto Pinto, ainda não existe no mercado um produto capaz de garantir ao médico se um paciente está com meningite bacteriana (MB) - a forma mais grave da doença - ou causada por substâncias químicas e vírus (MA) - considerada benigna. Com a nova técnica, o profissional conseguirá verificar a gravidade do caso com um exame de sangue ou de liquor (líquido que envolve o sistema nervoso central e pode ser retirado da região da coluna). O resultado sai na hora. De acordo com Luiz Augusto, a pesquisa está na fase de geração dos anticorpos que serão aplicados na amostra de sangue. "Os anticorpos são moléculas que geram uma reação química quando entram em contato com o antígeno da doença. Se a meningite for do tipo MB, o sangue vai mudar de cor e o tratamento poderá ser começado imediatamente", explica o coordenador. A etapa mais importante da pesquisa, já concluída, foi a identificação dos antígenos ou biomarcadores que caracterizam a MB. "Atualmente, os médicos tratam todos os pacientes com sintomas de meningite como MB. Isso gera altos custos para o SUS, já que os antibióticos são caros", diz o professor. Com o kit, o profissional de saúde poderá fazer um diagnóstico confiável e tratar o doente imediatamente, com o tipo de antibiótico mais indicado e na quantidade adequada. As chances de sobrevivência dos pacientes com MB serão maiores. Além disso, a rapidez no início do tratamento vai ajudar a diminuir sequelas como retardo mental, cegueira e problemas no desenvolvimento motor e na audição. Já no caso dos contaminados com MA, analgésicos, anti-inflamatórios e repouso são suficientes para a cura. O risco de complicações é muito pequeno. SUS demonstrou interesse em levar teste para a rede pública Representantes do SUS demonstram interesse em levar o novo exame para a rede pública de saúde, disse o coordenador da Bioaptus, Luiz Augusto Pinto. Antes de chegar ao mercado, a técnica será submetida a testes em animais e seres humanos e à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Com o apoio da Fapemig, poderemos acelerar as pesquisas e fazer com que o kit seja produzido, o quanto antes, em escala industrial", afirma Luiz Augusto. O projeto é desenvolvido desde 2009 por sete pesquisadores das áreas de bioquímica, imunologia, biologia molecular e genética. Eles trabalham em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). (JT)

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