sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A História dos Sentimentos.

Os sentimentos humanos certo dia se reuniram para brincar.
Depois que O TÉDIO bocejou três vezes porque a INDECISÃO não chegou à conclusão nenhuma e a DESCONFIANÇA estava tomando conta, a LOUCURA propôs que brincassem de esconde-esconde.
A CURIOSIDADE quis saber todos os detalhes do jogo, e a INTRIGA começou a cochichar com os outros que certamente alguém ali iria trapacear.
O ENTUSIASMO saltou de contentamento e convenceu a DÚVIDA e a APATIA, ainda sentadas num canto, a entrarem no jogo.
A VERDADE achou que isso de se esconder não tava com nada, a ARROGÂNCIA fez cara de desdém, pois a idéia não tinha sido dela, e o MEDO preferiu não arriscar:Ah, gente, vamos deixar tudo como está, e como sempre perdeu a oportunidade de ser feliz.
A primeira a se esconder foi a PREGUIÇA, deixando-se cair no chão atrás de uma pedra, ali mesmo onde estava.O OTIMISMO escondeu-se no arco-íris, e a INVEJA se ocultou junto com a HIPOCRISIA, que sorrindo fingidamente atrás de uma árvore estava odiando tudo aquilo.
A GENEROSIDADE quase não conseguia se esconder porque era grande e ainda queria abrigar meio mundo.
A CULPA ficou paralisada pois já estava mais do que escondida em si mesma, A SENSUALIDADE se estendeu ao sol num lugar bonito e secreto para saborear o que a vida lhe oferecia, porque não era nem boba nem fingida; o EGOISMO achou um lugar perfeito onde não cabia ninguém mais.
A MENTIRA disse para a INOCÊNCIA que ia se esconder no fundo do oceano, onde a inocente acabou afogada, a PAIXÃO meteu-se na cratera de um vulcão ativo, e o ESQUECIMENTO já nem sabia o que estava fazendo ali.
Depois de contar até 99 a LOUCURA começou a procurar.
Achou um, achou outro, mas ao remexer num arbusto espesso ouviu um gemido: era O AMOR, com os olhos furados pelos espinhos.
A LOUCURA o tomou pelo braço e seguiu com ele, espalhando beleza pelo mundo
Desde então o AMOR é cego e a LOUCURA o acompanha.
Juntos fazem a vida valer a pena- mas isso não é coisa para medrosos nem para os apáticos, que perdem a felicidade no matagal dos preconceitos, onde rosnam os deuses melancólicos da acomodação.

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